sábado, 21 de novembro de 2009

TERRITÓRIOS DAS MEMÓRIAS

TERRITÓRIOS DAS MEMÓRIAS: “IDAS E VINDAS” AO ESPAÇO URBANO NAS NARRATIVAS DOS TRABALHADORES RURAIS DA VILA DE SÃO JOSÉ DO ITAPORÃ - BA (1970 A 1990).
Por Alex de Jesus Oliveira

O presente artigo busca investigar as prováveis relações entre fronteiras e memórias nas narrativas dos trabalhadores rurais da Vila do São José do Itaporã entre as décadas e 70, 80 e 90 do século 20. A proposta é tentar perceber a partir de suas narrativas referentes à suas “idas e vindas” ao espaço urbano como suas memórias articularam a idéia de fronteira entre o campo e a cidade, bem como os elementos simbólico-culturais que apontavam para prováveis “limites”, que de certa forma constituídos de forma “hibrida” caracterizavam experiências dos mesmos em territórios múltiplos que ultrapassam os recortes determinados geograficamente.
PALAVRAS CHAVES: Territórios, Memórias, Fronteiras.


1- INTRODUÇÃO

A memória é um algo inerente ao ser humano que permiti este, enquanto sujeito social se reconhecer enquanto ser pertencente a uma determinada comunidade ou grupo social, pois, só ela, pode fornecer aos homens, mulheres e crianças a possibilidade de se situar espacialmente, temporalmente e culturalmente.
Neste sentido, para compreender como o ser humano se situa no espaço a partir de um entendimento do conceito de fronteira cultural é importante entender como a academia tem pensado a construção da memória.
A memória é constituída a partir de experiências vivenciadas nas multiplicidades de tempos e espaços por cada “sujeito” social dentro de um campo cultural especifico com os seus valores, costumes e símbolos. Elas se apresentam no presente em formas de lembranças “compostas” de acordo com as intenções que cada sujeito social acredita ser conveniente apresentar no presente .
Para Bergamaschi “A memória, entre lembranças e esquecimentos seleciona a partir dos anseios individuais e coletivos do presente, os fatos que devem e podem ser lembrados e/ou esquecidos.” Portanto, toda memória que se expressa a partir de uma narrativa é carregada de intenções e subjetividades.
As memórias não são construídas exclusivamente por um individuo, elas se compõem em uma relação entre a memória coletiva e as memórias pertencentes a um único “sujeito” social. Portanto, a memória é interior e ao mesmo tempo exterior ao ser humano. Ela nos proporciona o entendimento de que pertencemos a uma determinada cultura, a um determinado tempo-espaço e assim nos faz compreender que temos uma identidade. Para Halbwachs :
A memória individual não está isolada. Freqüentemente, toma como referência pontos externos ao sujeito. O suporte em que se apóia a memória individual encontra-se relacionado às percepções produzidas pela memória coletiva e pela memória histórica.
A idéia de memória em Halbwachs se diferencia crucialmente com as assertivas do filosofo Henri Bérgson em relação à “construção” da memória. Segundo Bérgson a lembrança conserva o passando vivido pelo sujeito social sem nenhuma modificação ou influência externa. É como se o cérebro conseguisse guarda o momento vivido intacto tal qual a percepção do indivíduo vivenciou e em um tempo futuro pudesse lembrar daquele instante o invocando para consciência no presente sem nenhuma influência exterior.
Por conseguinte, para Halbwachs sujeito social recebe influências externas que acabam por reconstruir a percepção que está na memória no momento em que o sujeito social evoca o passado vivido no presente, recebendo assim, inúmeras influências também no contexto do agora vivido.
A memória nunca pode ser entendida de maneira alguma como um produto social individual e coletivo acabado que permanece sem sofrer transformações promovidas pelas vivências dos sujeitos sociais no agora. As memórias individuais e coletivas acabam ganhando novos contornos na medida em que o sujeito vive novas experiências no presente.
A memória permiti a partir de certa “conservação” das experiências sociais e culturais de vida que foram significativas tanto para o sujeito individual como para coletividade construir um arcabouço de elementos culturais que a parti da alteridade possa lhe conferi uma identidade cultural particular. Para Pesavento
A construção da identidade vale-se de imagens, discursos, mitos, crenças, desejos, medos, ritos, ideologias. Em outras palavras, a identidade pertence ao mundo do imaginário, que é esta capacidade de representar o real, criando um mundo paralelo ao da concretude da existência.

É com esse entendimento que acreditamos que a memória enquanto o elemento primordial dentro da construção da identidade de um grupo social pode demarcar ou não uma fronteira para além dos aspectos materiais. Ela permiti, a partir de uma delimitação espacial mental, alicerçada em imagens de um espaço, discursos, mitos, crenças, valores e costumes construir uma linha de demarcação que “separa ” o lugar da expressão peculiar de determinada identidade cultural de outros espaços, que acabam reafirmando a particularidade cultural a partir da alteridade. Pesavento afirma que:
É por esse viés de compreensão da fronteira que confrontam as percepções de alteridade e da identidade, ou que se contrapõem as construções imaginarias de referências, definido-se os “outros” em relação a “nós” e vive-versa.

Neste sentido, acredito que a memória assume uma importância crucial na construção da identidade cultural de um determinado grupo social e, por conseguinte, nos permite pensar a idéia de fronteira cultural visualizando aspectos sigulares de determinados espaços como; símbolos, costumes crenças e valores.
A idéia de fronteira cultural permiti diferenciar grupos sociais de outros a partir do confronto de costumes, valores e crenças, ao tempo que também aponta para o hibridismo cultural evidente em diversos espaços – principalmente em relação ao binômio campo e cidade - na medida em que é evidente os intercâmbios culturais promovidos por deslocamentos, migrações e retorno de sujeitos sociais aos seus espaços de origens que trazem consigo elementos culturais totalmente exógenos. Pesavento ainda diz que:
As fronteiras culturais remetem à vivência, às sociabilidades, às formas de pensar intercambiáveis, aos ethos, valores, significados contidos nas coisas, palavras gestos, ritos, comportamentos e idéias. Basicamente, a fronteira cultural a ponta para forma pela qual os homens investem no mundo, conferindo sentidos de reconhecimento.

Portanto, como a memória é capaz de reter esses elementos culturais e ela é quem da sentido a idéia de fronteira cultural, na medida em que cultura de um povo é o suporte para o seu entendimento buscaremos a partir das narrativas dos trabalhadores rurais da vila de São José do Itaporã entender como se articula essa relação de fronteira cultural entre o campo e cidade em um tempo de tensão e luta pela sobrevivência nas décadas de 70 à 90 do século passado.

1.1-TERRITÓRIOS DAS MEMÓRIAS: “IDAS E VINDAS” AO ESPAÇO URBANO NAS NARRATIVAS DOS TRABALHADORES RURAIS DA VILA DE SÃO JOSÉ DO ITAPORÃ - BA (1970 A 1990).

A Experiência do trabalhador rural de São José de Itaporã - BA nunca esteve circunscrita apenas ao campo. O seu contato com as cidades vizinhas, principalmente Santo Estevão-BA, Cruz das Almas - BA, Sapeaçu - BA, Muritiba - BA e São Felix -BA era constante.Os Agricultores se dirigiam para estas cidades a fim de venderem seus produtos, comprarem mantimentos, remédios, roupas, utensílios domésticos e se consultarem com médicos em clinicas e hospitais.
Na década de 1970 não existia linha de transporte que fizesse a condução dos trabalhadores para as cidades próximas ― “naquele tempo era tudo na canela” ― e a única forma existente de locomoção para outros municípios se dava por meio de cavalos ou de burros, como nos relata Sr. Osvaldo .
O nosso pai ia em Muritiba, ia montado de animal, eu me lembro que pai tinha um burro, que o burrinho quando chegava até no casco tava pingando de suor, de lá pra cá, na paleta.

Deslocar-se das proximidades da Vila de São José do Itaporã para as feiras das cidades vizinhas levando consigo a produção de farinha, amendoim e laranja só era possível indo montado em um animal. Em cima de um cavalo ou de um burro, vestido em um colete de couro e tendo sobre a cabeça um chapéu de palha, o trabalhador rural se dirigia à cidade na ânsia de vender seus produtos a fim de adquirir o mínimo necessário para o sustento da sua família.
Muitas vezes para se chegar a um determinado destino a viagem durava mais que um dia, como expressa a narrativa de D. Angélica :
Para Santo Estevão, meu pai e meus irmãos cansava de sair dia de Sexta-feira, nós torrava farinha, eles botava o quê? Era dez, doze animal de carga de farinha para levar para vender em Santo Estevão! ia de pé! Quando chegava era dia de Sábado meia noite.

D. Angélica além de esclarecer sobre o tempo gasto em algumas viagens traz a evidência de que seu pai levava sua produção de farinha para Santo Estevão em uma tropa de burros. Segundo ela “era dez, doze animal de carga de farinha para levar, para vender em Santo Estevão, ia de pé!”. Provavelmente muitos dos trabalhadores rurais de São José levavam sua produção para cidade a pé e puxando os animais, o que caracterizava, de certa forma, a prática dos tropeiros que só iriam deixar de existir após a implantação das rodovias por toda a Bahia.
A cidade representava para os trabalhadores rurais o “lugar de dinheiro ”. As casas sofisticadas e os pequenos edifícios não causavam tanto espanto aos agricultores na medida em que a dinâmica do deslocamento dos mesmos para as cidades vizinhas se dava constantemente devido terem que comerciar seu excedente de produção (Farinha, legumes, raízes, laranja) nas feiras da região.
A dinâmica das “idas e vindas” dos trabalhadores rurais entre o campo e a cidade aparece nas memórias dos lavradores como um tempo de trocas tanto matérias como simbólicas. Ir a cidade significava muito mais que vender seus produtos ou consultar-se com um médico, mas permitia que o trabalhador confrontasse a sua cultura com o diferente ao tempo que reafirmava a sua identidade, mesmo que assimilasse aspectos da cultura da cidade.
Entretanto, é preciso ressaltar que normalmente quem se dirigia à Cidade ― aos sábados ou aos domingos, dependendo do dia das feiras ― era o chefe da família, como nos relata D. Francisquinha .“Há meu filho, quem ia para feira era Noca (Agenor, seu Marido), era. Ele ia vender farinha, outros não ia, eu ia às vezes, era, mas era Noca (marido) quem ia. Fazia a feira, trazia a carne”.
As mulheres não tinham o costume de se deslocarem constantemente para as cidades e ficavam em casa cuidando do lar. Os maridos eram os responsáveis pela feira. O fato de não se deslocar sempre com o marido para as cidades da região não incomodava muito a mulher, o importante era que o marido “trouxesse a carne”, ou seja, o alimento dos filhos.
Muitas vezes, quando a feira estava movimentada e vendiam toda sua produção eles compravam algum alimentos extra, como maçã para as crianças. Segundo Isabel Ribeiro “quem comprava maçã era tido como quem tinha dinheiro naquela época”. Aqui aparece um elemento importante na construção da fronteira cultural, a maça sendo um alimento característico do espaço urbano na época, não fazia parte da cultura alimentícia dos agricultores, mas era desejada pelas crianças, porque é evidente que quando se dirigiam a cidade tinham contato com esse alimento. Sendo um alimento caro, ou supérfluo, era tido como símbolo de status econômico para o trabalhador que consumisse a fruta.
Quando, porém, a feira era “fraca” e não vendiam o bastante para comprarem todos os mantimentos, eles sempre davam um jeito para que os seus filhos não passassem necessidades. O relato de D. Angélica é esclarecedor sobre este aspecto:

Com qualquer tantinho que eles arrumassem, fazia (a feira) e trazia. O que arrumasse trazia, arrumava uma jabá (carne de sertão) um feijãozinho e trazia. Antigamente era tudo difícil (tristeza) hoje em dia que é a riqueza.

O semblante de D. Angélica ao relatar a experiência da volta de seu marido para casa quase sem alimentos no panacum do animal traduz um passado constituído no labor pela sobrevivência no campo do Recôncavo Sul. As feiras do Recôncavo, além de se organizarem como ambientes de intercâmbios de produtos negociados pelos agricultores tornavam-se, também, espaços que propiciavam aos trabalhadores rurais a possibilidade de auferirem mais algum “dinheiro” criando, assim, uma alternativa para se manterem e se sustentarem no campo.
Entretanto, quando a roça não produzia satisfatoriamente ou as suas mercadorias não eram vendidas na feira , a vida dos trabalhadores rurais continuava com as mesmas dificuldades, como deixa transparecer no seu relato D. Angélica :

Quando não vendia nada na feira, era batata, aimpim, abóbora, feijão, milho, minha mãe botava milho de molho para agente pisar para fazer o cuscuz, nós batia no pilão, ó! Era assim que agente vivia.

Com as dificuldades constantes na roça ― quando a colheita de fumo não prosperava e quando o preço da farinha estava defasado ― os trabalhadores se voltavam para as culturas de subsistência numa luta diária contra a fome. Apesar de toda dificuldade no campo, quando a feira proporcionava alguma renda para estes trabalhadores, os mesmos sempre compravam algo a mais: uma sandália para um filho, uma flor de plástico para o oratório do “santo ”, um “pedaço de pano ” para a mulher fazer um vestido, enfim, o trabalhador consumia muito da produção material existente e vendida nas lojas da cidade, ao passo que a cidade consumia, também, toda a produção do agricultor.
O intercâmbio entre a cidade e o campo não se dava apenas na esfera material, pois havia, ao mesmo tempo, o intercâmbio cultural e simbólico ― tendo em vista que nas feiras o lavrador se informava sobre o que se passava no Brasil e o citadino, por sua vez, se informava sobre o que acontecia no campo: uma relação de complementação entre o campo e a cidade.
As narrativas dos agricultores apresentam memórias que apontam para uma relação de complemento entre o campo e a cidade. A fronteira cultural entre o campo e cidade no Recôncavo Sul não se apresentava como algo hermético, mas se mantinha aberta a todo instante para receber influências da cidade e influenciar a mesma. D`Almeida ao se referir as mudanças dos costumes e valores no campo afirma; “as tradições são “inventadas”mostram-se mais como reinvenções graças ao peso da continuidades de elementos e traços anteriormente existentes.” Isto demonstra que apesar da influencia da cultura urbana no campo esta ainda se mantém a partir de elementos tradicionais de sua cultura que permanece existindo, porém de um modo reinventado.
A feira de São José de Itaporã surgiu nos primeiros anos da década de 70, do século passado. Segundo Sr. Osvaldo , se deu da seguinte forma: "foi assim, juntou um e outro, colocaram uma lona no chão e aí começou a vender, o povo começou a vim de Cruz, das outra roça aí pra cima. Aí pronto, a feira do São José tava aí". Sem planejamento, a feira de São José do Itaporã surgiu modificando todo o cotidiano das pessoas que residem na Vila. Realizada aos domingos ― já que aos sábados alguns trabalhadores rurais se dirigiam para as feiras das cidades vizinhas ― tornou-se um novo espaço para os agricultores negociarem seus produtos e realizarem suas “trocas simbólicas”.
A fotografia abaixo mostra um fragmento do cotidiano da feira aos domingos em São José de Itaporã. Os trabalhadores se aglomeravam em meio ao lamaçal vendendo laranja, amendoim e outros produtos. Observa-se no segundo plano da fotografia a exposição de baldes de plásticos e de bacias de alumínio. Isto mostra que muitos vendedores da região se dirigiam para feira de São José a fim de venderem suas mercadorias. A fotografia traz inúmeras evidências de que no passado a feira em São José era próspera, bem-sucedida, no entanto, não podemos esquecer que "as imagens fotográficas não se esgotam em si, antes são feitas para desvendar o passado ".
Na tentativa de compreender "a representação fotográfica, seus significados e suas finalidades " percebemos que a imagem agora analisada, por se tratar de uma foto pertencente à Associação dos Moradores da Vila São José de Itaporã, parece denunciar a situação de abandono em que se encontrava o espaço destinado à feira livre da Vila.













FOTO 01 – cedida pela Associação de Moradores da vila São José de Itaporã.

As feiras nas cidades vizinhas ou na Vila de São José do Itaporã, além de propiciar uma alternativa de vida para os trabalhadores rurais, era também um lugar significativo para os Agricultores, pois nela tinham a oportunidade de ficarem informados e de encontrarem amigos de outras localidades. Era na feira que o agricultor rural ficava sabendo “das novidades” na política e na economia do Brasil, da Bahia e do seu Município, a saber; Muritiba-BA, ou seja, era este o local possível para o intercâmbio de informações, de culturas e de modos de vida que se imbricavam e se completavam.
As feiras da região acabavam funcionando como espaços em que os trabalhadores rurais obtinham informações sobre o seu país, como já dito. A ida à feira aos sábados e aos domingos possibilitava aos agricultores se informarem sobre os políticos como relata Mauro ": "quem era o prefeito de Muritiba, era Geraldino Almeida, Getulio Vargas que era homem meu filho, naquele tempo os homem vestia calça boa, de tergal, era, era! Ganhava dinheiro!”.
Os Trabalhadores rurais, longe do que apregoam muitos discursos sobre o homem e a mulher do campo no Recôncavo Sul, portanto do Nordeste , que tentam construir um arquétipo de homem rural extremamente ignorante e desinformado aos moldes do personagem dos quadrinhos “Jeca tatu ”, tinham interesse a respeito de seus representantes políticos. Nas vendas ou nas barracas que comercializavam comidas e bebidas, os trabalhadores se reuniam e conversavam sobre diversos assuntos, como relata Sr. Osvaldo :
Era a gente pegava aquele feijão naquelas barracas, era tira-gosto e cachaça. Eu mesmo muitas vezes fiquei bêbado. A gente conversava, falava de muito assunto, da roça, de vereador que não faz nada e outras coisas.

Observa-se que a memória do Sr. Osvaldo não deixa dúvidas quanto às discussões entre os trabalhadores rurais sobre política, pois se falava dos plantios na roça, das ações dos vereadores e do prefeito do seu município. Junto ao balcão da venda os lavradores de várias localidades da região se aglutinavam e conversavam sobre diversos assuntos ― falavam das namoradas, do preço da farinha, do valor da arroba de fumo, dos amigos distantes, enfim, a feira era um espaço de socialização da informação entre os trabalhadores.
Para D'Almeida "tão importante quanto o mercado, os encontros nas feiras destacavam-se na vida dos lavradores". Nesse sentido, pode-se afirmar que as feiras do Recôncavo tornaram-se espaços singulares para a constituição e elaboração de modos de vida dos trabalhadores rurais bem como um lugar que mediava às trocas simbólicas entre o campo e a cidade. Na feira a fronteira cultural é suplantada pela necessidade de coexistir com o diferente, pois ir a feira fazia parte do viver dos agricultores dentro da dinâmica de “idas e vindas” à cidade.

1.2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O encontro do trabalhador rural do São José do Itaporã - BA com as cidades da região se dava em diversos momentos e com objetivos diferenciados. Buscava o trabalhador, na esfera urbana, uma alternativa para adquiri algum dinheiro com a venda de suas mercadorias nas feiras com a finalidade de ao voltar para casa trazer o alimento para sua família.
Para além das questões de ordem econômica o agricultor buscava se informar em relação à economia e política do seu Município, do seu Estado e do seu País. O que demonstra que o trabalhador rural procurava na medida do possível se manter informado sobre os encaminhamentos políticos do seu município e país.
As memórias dos agricultores, mesmo que ressiginificadas pelas demandas do presente, definem o campo como o lugar do trabalho duro, da falta das condições de sobrevivência e a cidade como o lugar do dinheiro, da prosperidade.
Olhando as memórias a partir da economia percebe-se que o limite do campo, o lugar da Escassez, era a chegada à cidade, o lugar da abundância, local onde o agricultor poderia vender seu excedente e consumir aquilo que a cidade poderia lhe oferecer.
Na década de 1970 e 80 o lugar das trocas matérias e simbólicas entre o campo e a cidade eram as feiras, lugar democrático onde o trabalhador rural e o homem da cidade se comunicavam e trocavam informações sobre seus respectivos espaços.
As conversas nas barracas, nos negócios quando se vendia os produtos, as conversas na praça, nos bares permitiam que elementos culturais pudessem ser socializados entre o agricultor e o homem da cidade.
A fronteira cultural é evidente que existia e se limitava ao espaço onde vive o homem do campo e o homem da cidade. Não obstante, não podem existir sem alteridade, sem que cada cultura dê sentido a existência da outra. Elas se ressiginifam a todo o momento com trocas constantes nas “idas e vindas” dos trabalhadores rurais ao espaço urbano. As fronteiras tanto cultural como material não significam um limite fechado, mas “é um limite sem limites, que aponta para um além”











REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do nordeste e Outras Artes. Rio de Janeiro: Cortês, 2009.

BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Narradores de Javé: a memória entre a tradição oral e a escrita. Disponível em: www.google.com.br – Acesso: 06/01/2007.

FIGUEREDO, H. G. Coord. Imagens de São Gonçalo: Fotografia e História. Laboratório de Pesquisa História 2001.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2004:

KOSSY, B. Estética, memória e ideologia fotográficas: decifrando a realidade interior das imagens do passado”In: Revista Acervo, Arquivo Nacional, v.6, nº 1-2, 1993.

PESAVENTO, Sandra Jathay. Além das Fronteiras. IN: MARTINS, Maria Helena (org.) Fronteiras Culturais: Brasil, Uruguai, Argentina. Editora Ateliê, São Paulo: 2002

ROGER, Chartier. O mundo como representação. In: estudos Avançados 11 1991. Disponível em http:// www.scielo.br/pdf/ea/v5n11/v5n11a10.pdf

SANTANA, Charles D`Almeida. Fartura e Ventura Camponesas: Trabalho, Cotidiano e Migrações - Bahia: 1950 – 1980. SP: AnaBlume. 1994.p.133

SANTOS, Miguel Cerqueira. O domínio urbano e suas implicações regionais: o exemplo de Santo Antonio de Jesus-Ba – Salvador. Ed. UNEB. 2002. p.91.

THOMSON, Alistar. Recompondo a Memória: Questões sobre a relação entre a História Oral e as Memórias. Projeto História, São Paulo. 1997.

FONTES:

 Osvaldo da Silva, 47 anos residente na lagoa suja, próximo a Vila do São José do Itaporã.Entrevista Realizada em 23/06/2002
 Angélica Vituriana da Silva. 49 anos residente na lagoa suja, próximo a Vila do São José do Itaporã.Entrevista Realizada em 23/06/2002
 Francisquinha Filha Virgilio. 68 anos, residente na Pidobeira próxima da Vila de São José de Itaporã – Entrevista realizada 22/04/2002
 Mauro Machado, 66 anos, residente na localidade do tabuleiro, próximo da Vila do São josé do Itaporã, entrevista realizada 28/06/2002.
 Isabel Ribeiro, 30 anos, residente na pidobeira próximo da vila do São José do Itaporã. – Entrevista realizada 25/08/2002.

FOTOGRAFIA:

 Arquivo de fotos da Associação de moradores da vila do São José do Itaporã-BA

domingo, 13 de setembro de 2009

O profeta Jonas

É hora da decisão: Ir à Társis ou à Nívine?
Por: Alex de Jesus Oliveira e o Espírito Santo 13/09/2009



1 – INTRODUÇÃO.

1.1 Olhando para o profeta Jonas no capitulo 1º VERSÍCULO 2 do Livro que leva o seu nome o Senhor diz: “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.”

Observo que o Senhor Deus lhe da um imperativo “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive.” Posso aprender algumas coisas importantes aqui. Acredito piamente que Jonas era um homem temente ao Senhor, tanto era que se tornou um profeta do Deus altíssimo, ou seja, a sua boca estava selada para falar aquilo que Deus o havia dito em seu coração. Jonas tinha intimidade com Deus de maneira tal que o Senhor o confiou uma grande missão; pregar a CIDADE IDOLATRA DE NÍVINE.
a. Um povo violento, que tinha como característica a CRUELDADE. Por nada matavam pessoas das piores formas que se possa imaginar. Eram Idolatras; adoravam: Shamash, o deus-sol, Sin, o deus-lua; Ishtar o deus das águas , honravam Aru, Marduk (Bel) e o seu filho Nabu (Nebo). Assur, Deus da Guerra o mais venerado.
b. Aprendo aqui que Deus só confia uma grande missão àquelas pessoas que se dedicam a Ele e que buscam ter intimidade com Ele, que vivem na dependência do Senhor, que buscam ser seus oráculos na terra.
c. Acredito que os jovens hoje têm buscado viver os seus prazeres imediatos e não buscam diligentemente se mover para Deus e em Deus. Vivem “o básico de Deus”, não querem mais de Deus, acham que já tem o bastante. Qual o bastante de Deus para você?O quanto de Deus você quer?Entretanto, hoje venho te dizer que Deus esta com as mãos estendidas para te abençoar, derramar uma unção diferente capaz de te fazer andar sobre as águas, curar os enfermos, expulsar demônios e se tornar um profeta de Cristo. Se coloca apenas na posição de Verdadeiro Adorador e O teu Deus irá contemplar os Desejos do teu coração. Mas se Deus te mandasse ir a Nívine hoje você iria? Ou você periferia ir para Társis?

2 – DESENVOLVIMENTO.

2.1 No VERSÍCULO 3 “E Jonas se levantou para fugir de diante da face do Senhor, para Társis; e, descendo a Jope, achou que um navio ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do Senhor.”

Esse texto relata que Jonas buscou sair da presença do Senhor, ele tentou fugir da presença de Deus. É possível fugir da presença de Deus? Jonas intentou não cumprir a ordenança do Senhor. A palavra diz que ele pagou para ir para Társis, discerto para descansar, relaxar, curtir a vida, ficar tranqüilo. Quantas pessoas preferem Társis? Todos claro! Vida mansa e alegre quem não quer!Para Nívine ninguém quer ir! Mas entende-se, pois Jonas tinha medo porque, como fora dito, os Assírios eram guerreiros terríveis e praticavam toda sorte de misérias com as pessoas.

a) Eu não sei qual o Assírio que esta na tua frente, se é o Assírio da idolatria, da preguiça da pregação, do desrespeito aos pais e líderes, dos pensamentos mal, da prostituição, da depressão, da fraqueza, da família desestruturada, da falta de dinheiro, em fim, mas uma coisa eu sei, o Deus que te chamou é poderoso o suficiente para fazer o Assírio que te atormenta fugir por 7 caminhos e nunca mais achar por onde voltar para tua casa!!!Sabe por quê?
b) Porque esta escrito no Salmo 91-7 que “mil cairão ao teu lado e 10 mil a tua direita e tu não será atingindo”
c) Dt 20-1 quando saíres à peleja contra os teus inimigos, e vires cavalos, e carros, e povo maior em número do que tu, deles não terás temor; pois o senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, está contigo.
d) Porque Deus é fiel para cumprir a sua palavra e honrá-lo. Mas para ter honra diante de Deus é preciso TOMAR UMA ATITUDE NA DIREÇÃO CERTA, è preciso IR A NÍVINE, mesmo que Nívine pareça ser a cidade do terror, Ele a transformará na cidade do ARREMPREDIMENTO, DA AQUEBRANTAÇÃO DO CORAÇÃO DE PEDRA, DA TRANSFORMAÇÃO DO MAIS VIL PECADOR EM SERES HUMANOS filhos do grande Deus. Porque o Senhor promete em MATEUS 28 :18-20
“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder, no céu e na terra.
Portanto, ide, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo;Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos. Ámen.”

2.2- No VERSÍCULO 4 “Mas o Senhor mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava para quebrar-se.”

Deus manda um vento e uma tempestade tomar conta do mar construído uma situação tão terrível que todos os bens que estão no navio são jogados no mar. A situação fica tão tenebrosa com aquela tormenta que os marinheiros perceberam que era algo sobrenatural, de modo que começaram a invocar seus deuses, mas JONAS, saio de mansinho e foi dormir.

a) Talvez, amado jovem, amado ancião, mulher, adolescente a TEMPESTADE ESTEJA ASSOLANDO na sua casa, na sua rua, na sua Igreja, na sua cidade as coisas estão de mal a pior e vc não faz nada. Vc dorme, dorme, dorme!As pessoas morrem sem Jesus e vc diz, não é minha culpa, eu dou meu testemunho, seu colega de escola morre, seu professor é depressivo, seus parentes perecem e vc nada faz. A tempestade acabando com o mundo e você comendo pipoca assistindo televisão! Sabe o que Deus faz? Não sabe não?! Às vezes é preciso Deus usar um ímpio para Lhe dizer que você tem um Deus na sua vida e que pode te ajudar e lhe usar para abençoar as pessoas em sua volta.

b)O versículo 6 diz: “E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que tens, dormente? levanta-te, invoca o teu Deus; talvez assim Deus se lembre de nós, para que não pereçamos.”

Não espere que Deus use o ímpio para te acordar, acorde Hoje, porque Deus tem uma missão na tua vida. Nenhum ser humano nasce em vão, e NINGUÉM NASCE DE NOVO PARA FICAR DE BRAÇO CRUZADO só querendo benção e alisando banco de Igreja. Faça missão jovem no seu cotidiano, Seja um missionário ungido por Deus. Não espere unção humana, pois a TUA UNÇÃO VEM DE DEUS. Talvez a tempestade que vc esteja passando em sua vida seja DEUS TE CHAMANDO, levante ....adora-me, clama-me, pede-me, eu te dou, eu te sustento, eu te garanto.VAI!VAI! VAI! FAZ A MINHA OBRA! VIVE A MINHA COM TODO TEU SER.



3.1- No VERSÍCULO 9 “E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.”

Após os marinheiros já o argüirem sobre quem ele era, Jonas declara que serve ao Deus altíssimo, e afirma que a tormenta é um problema proveniente da sua teimosia, então, ele se encoraja e pede aos marinheiros que o joguem no mar para que todos não venham perecer. Jonas sabia que se Ele se humilhasse e reconhecesse seu erro o Senhor o perdoaria. Pois está escrito em 2Cronicas 7-14 “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”


b) Entretanto meu irmão, a palavra de Deus diz que Deus não se deixa escarnecer “Não erreis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso, também, ceifará”GL 6-7. Portanto, se Ele te escolheu para uma obra É VOCÊ MESMO e Ele não abre mão de você, portanto ele vai te colocar na parede para que você tome uma decisão.


3.2 - No VERSÍCULO 15 “E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou o mar da sua fúria. Jonas é jogado no mar e a bonança vem.”

Mar na Bíblia significa Povo, assim entendo que podemos inferir figurativamente que Deus Jogou Jonas no meio de um povo revoltado, haja vista que o mar estava revolto. É bem verdade que essa leitura é figurativa, pois sei que Jonas literalmente foi jogado ao mar. Para provar o seu Escolhido, Deus o lança no mar. Para confrontar o seu Servo Deus o imprimi uma prova gigante.

a) Deus vai te jogar no mar, mas, ele vai te dá a Vitória meu irmão! Se você estiver na posição de Jonas, fugindo da presença do Senhor e dormindo espiritualmente, o Senhor vai te jogar no mar pra você acordar e tomar uma decisão se irá a Nívine fazer a obra do Senhor ou irá para Társis ficar longe dos projetos do Senhor na tua vida!


Estava Jonas agora sozinho, ele, o mar e Deus. Não havia para quem apelar, ele estava longe de Társis e de Nívine, ele estava em lugar algum, mas Ele precisava do Socorro de Deus urgente, porque ele poderia morrer de hiportermia ou ser comido por um tubarão, ou sentir câimbras e morrer afogado, Jonas sentia sede, fome, e talvez no seu coração ele dissesse; “Vou morrer! Peguei contra o Senhor e não tem mais Jeito pra me!”

Meu irmão eu quero te dizer, que mesmo você estando perdido no Mar de problemas, mesmo que você esteja em pecado o Senhor ele contempla a tua situação. Ele só quer de você uma atitude de arrependimento, Porque é Ele quem permiti que você passe por lutas, pois está escrito em 1 CO 10-13 que Deus não prova ninguém além do que possa suportar. Deus vai te tirar do mar, Deus vai te tirar desse sofrimento mesmo que você entre em outra situação que aparentemente pareça ser pior que a primeira.

3.3 - No VERSÍCULO 17 “Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe”.

A bíblia diz que Deus preparou um grande peixe para engolir Jonas. Sendo que ele passou 3 dias e três noite no ventre do Peixe. Ali Jonas orou ao Senhor, e no capitulo 2 no versículo 8 ele afirmou; “Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia.”.
Jonas declara com sua boca que a sua vaidade havia tirado ele da presença do Senhor, da misericórdia do senhor que é o próprio Jesus Cristo, creio que Jonas falou de coração e o Senhor o ouviu e o livrou.
a) Peixe significa vida, cristianismo, portanto, a Bíblia diz que Jesus( João 14-6) é a vida, mas aqui neste texto Jonas está no ventre do peixe, ou seja, estava no seio da vida.Jonas estava nas mãos de Deus e ele só precisava tomar uma atitude em relação ao Senhor.Meu irmão é preciso tomar apenas uma atitude em direção ao Senhor, uma apenas, de verdade, do fundo do seu coração e Deus cumprirá o que Ele te prometeu.

Quero te dizer que o DEUS DA VIDA irá te visitar na profundidade do mar da tua angustia, na profundidade da tua ansiedade, na profundidade das tuas incertezas, na profundidade do mar das tuas dividas financeiras, na profundidade do mar das tuas enfermidades e vai te da o livramento pois, está escrito em ROMANOS 8:38-39
1Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
2Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

3 – CONCLUSÃO

Não obstante, é necessário tomar uma decisão positiva diante do Senhor Jesus Cristo, saiba que o teu Deus é um Deus de misericórdia e desde que você se volte para Ele, Ele te concederá paz e força pra enfrenta as lutas da vida.
Jonas relutou em fazer a obra do Senhor, mas Deus o confrontou e ele tomou a decisão certa, pois no capitulo 3 relata que Jonas cumpriu os desígnios de Deus e toda Nívine se converteu. Vc precisa tomar atitude de Jonas de pregar a palavra. Você precisa ir a Nívine e deixar társis para desfrutar depois a vitória. É necessário ir a Nívine para que o povo veja a gloria de Deus na tua face e se converta dos seus mãos caminhos!Vá Nívine hoje exalte ao Senhor!

sábado, 29 de agosto de 2009

domingo, 29 de março de 2009

TRAJETÓRIA DO INTEGRALISMO NO RECÔNCAVO SUL: SUSSURROS DE TEMPOS DE TENSÕES POLÍTICAS – 1933 A 1937.

Por Professor Alex de J. OLiveira

Lex.jesus@hotmail.com

RESUMO:
Sabe-se que o Brasil das primeiras décadas do século XX é marcado por significativas disputas ideológicas e confrontos políticos além de transformações profundas em sua economia e nos encaminhamentos filosóficos dos movimentos sociais. Neste universo marcado por disputas políticas e crises econômicas, as disputas ideológicas sofreram um acirramento nos primeiros anos da década de trinta do século passado quando Integralistas e Comunistas confrontavam suas idéias e militavam ardilmente no cotidiano. O movimento dos “camisas verdes” foi bastante difundido nas cidades do Recôncavo Baiano, existindo uma memória pouco explorada pela academia. Neste sentido, a presente pesquisa tem como objetivo central investigar a trajetória do Integralismo no Recôncavo Sul Baiano a partir de uma reflexão sobre o discurso dos jornais que circularam no Recôncavo entre os anos de 1933 a 1937, temporalidade que abrange o apogeu e o declínio do Integralismo no Recôncavo Sul. A partir da analise de narrativas e de jornais pode-se verificar diversos aspectos do integralismo em cidades do Recôncavo como Cruz das Almas, Maragogipe e Cachoeira.
Palavras Chaves: Integralismo, Recôncavo Sul, Memória.




1-Introdução:


A Ação Integralista Brasileira (AIB) tem origem com a fundação da Sociedade de Estudos Políticos (SEP), centro de reflexão política e sociológica criado em março de 1932 por Plínio Salgado quando este trabalhava no jornal “a razão” (TRINDADE, 1974, p.124). A SEP visava congregar intelectuais e lideranças políticas contrárias aos modelos de cunho liberal ou socialista (BARBOSA, 2006, p.67). Desta forma, a AIB se constituiu como um “produto” do contexto de radicalização da esquerda e da direita na década de 1930, caracterizando-se como um movimento de modelo “fascista” (MERG, 2006, p.1).
Não obstante, a Ação Integralista Brasileira só seria fundada em 24 de maio de 1932 quando Plínio Salgado propôs, em assembléia na SEP, a criação de uma nova comissão técnica, denominada Ação Integralista Brasileira (AIB), com a finalidade de transmitir ao povo, em uma linguagem simples, os resultados dos estudos e as bases doutrinárias da organização. Em junho do mesmo ano Salgado redigiu o Manifesto para a divulgação da AIB, porém, a sua publicação foi adiada em virtude do iminente confronto armado entre o Estado de São Paulo e o Governo Provisório de Getúlio Vargas. (BARBOSA, 2006, p.68).
Com a derrota dos insurgentes pelas forças federais, em 7 de outubro de 1932, foi fundada oficialmente a Ação Integralista Brasileira(AIB) quando foi realizada a leitura do documento que ficou conhecido como Manifesto de Outubro(BARBOSA, 2006, p.69) em reunião solene no Teatro Municipal de São Paulo. A partir de então diversos núcleos do movimento foram fundados em todo Brasil.
Neste sentido, o Integralismo logo alcançou diversos estados da Federação. Segunda Ferreira “a trajetória do integralismo na Bahia se iniciou com a instalação do núcleo provincial da Ação Integralista Brasileira em junho de 1933, por iniciativa de estudantes da Faculdade de Direito da Bahia e profissionais liberais” (FERREIRA 2006, p.56).
O integralismo alcançou de imediato à classe média desejosa de contrapor os valores que fossem de encontro aos seus interesses e projetos de construção da “Nação”. Diante da expansão do Comunismo no Brasil e dos movimentos antiliberais muitas pessoas viram no Integralismo uma proposta de construir uma “nação” pautada, sobretudo, nos valores tradicionais da Igreja Católica, e no Nacionalismo, pois o lema do Integralismo era “Deus, Pátria e Família” (CAVALARI, 1999, p.72).
Em dezembro de 1937 AIB foi extinta como as demais agremiações políticas. Contudo, para continuar na legalidade devido a nova conjuntura imposta pelo Estado Novo de Getulio Vargas a AIB organizou-se novamente como uma sociedade civil (como a antiga SEP), que teve a denominação de ABC, ou seja, Associação Brasileira de Cultura (CALIL, 2001, p.54).
Por conseguinte, durante o período de legalidade diversos núcleos do movimento Integralista foram fundados na Bahia. Segundo FERREIRA (2006, p.56):
Em Salvador, vários núcleos distritais foram fundados por toda a cidade, mas foi no vasto interior baiano que a AIB conseguiu maior êxito em seu processo de expansão. Numa atuação intensa, a AIB fundou núcleos municipais por todo o interior, inclusive em cidades importantes como Ilhéus, Itabuna, Jequié e Feira de Santana. No pequeno município de Tucano, localizado no nordeste da Bahia a Ação Integralista conseguiu a adesão da esmagadora maioria da população. Segundo dados da própria AIB, em meados de 1936, haveria aproximadamente 46.000 integralistas no estado, distribuídos por mais de 300 núcleos municipais e distritais.

Percebe-se que diversos núcleos do movimento Integralista foram fundados em diversas cidades do interior da Bahia, onde o movimento acabou se tornando expressivo obtendo adesão em massa de diversos “sujeitos” sociais. Pessoas de diversas posições sociais acabaram optando pelo projeto de Nação formulado pela AIB e durante a primeira metade da década de trinta militaram na tentativa de colocar em prática o projeto ideológico de estado formulado principalmente por Plínio Salgado.
Sendo assim, o interesse desta pesquisa visa refletir e analisar a trajetória deste movimento no Recôncavo Sul em especifico nas cidades de, Maragogipe-BA, Cruz das Almas-BA, Cachoeira-BA entre os anos de 1933 e 1937, uma vez que durante esses anos o movimento se mostrou expressivo, sobretudo entre nos anos de 1933 a 1936 quando foi fundado em diversas cidades da Bahia núcleos Integralistas (FERREIRA, 2006) que tinham como objetivo difundir suas ideais nas cidades.

1.2 - Reflexões sobre a trajetória do integralismo no Recôncavo Sul baiano.

A presente proposta de estudo se pauta basicamente em analisar a trajetória do Integralismo no Recôncavo Sul em especifico nas cidades de Maragogipe-BA e Cruz das Almas-BA entre os anos de 1933 a 1937 quando houve uma difusão das doutrinas do Sigma em todo Brasil, por meio da fundação de Núcleos em diversos municípios da federação.
Neste sentido, busca-se enfocar os discursos em relação ao Integralismo nos periódicos que circulavam no Recôncavo Sul baiano nos primeiros anos da década de 1930, bem como investigar as trajetória do movimento a partir das narrativas de experiências de quem vivenciou a militância no movimento da AIB fazendo um cruzamento com as informações contidas em um dos principais jornais Integralistas produzido no Recôncavo Sul “A Faúla” de Maragogipe-Ba.
Apesar dos esforços já empreitados na busca de manter contato com fontes que versem sobre o integralismo no Recôncavo Sul baiano, a pesquisa ainda se encontra em sua fase embrionária. Esse primeiro momento tem sido difícil, pois muitas pessoas que viveram e militaram no movimento integralista nos primeiros anos da década de 1930 já faleceram, existindo poucas pessoas vivas e aptas para narrarem suas experiências. Esse problema tem limitado o avanço dos trabalhos com as fontes orais, não obstante, tem instigado a avançar no sentido de conhecer os personagens que participaram de um momento tenso e decisivo da política brasileira.
Por conseguinte, as fontes escritas produzidas pelo movimento Integralista, como jornais, revistas, boletins dos núcleos tem se apresentado de forma um tanto quanto fragmentada, uma vez que muitas pessoas queimaram jornais, fotografias, atas de núcleos no momento da dissolução da AIB com a instalação do Estado Novo, como rela o Sr. José Souza[1]:
Quando houve o golpe de Getúlio, Rapaz Getúlio foi esperto deu o golpe certinho, agente ia chegar no poder, só tinha os grandes no movimento, ate ele era, ai, ai eu joguei a foto que eu tinha com Plínio que eu gostava tanto na fose, mas não adiantou eu fui preso do mesmo jeito.

Temendo a prisão com a dissolução da AIB pelo Estado Novo implantado por Vargas, muitos Integralistas acabaram destruindo seus documentos pessoais que poderiam corroborar como evidência de sua participação no movimento no Recôncavo Sul. Essa atitude dos militantes “camisas verdes” deixou como legado para posteridade um “silêncio” histórico que esconde diversas nuaceas do cotidiano do movimento Integralista. Por outro lado, pode-se entender com essa atitude uma tentativa de luta pela sobrevivência, que permitiu muitos militantes do “Sigma” permanecerem vivos e no presente externarem memórias desses tempos tensos da história política do Recôncavo Sul baiano e do Brasil.
A evidência contida na narrativa do ex-Integralista Senhor José Souza reafirma de forma impar uma atitude coletiva que se expressa na sua lembrança de um momento tenso de sua vida e de decisão imediata em ter que destruir as evidências de sua participação no movimento do Sigma. A memória externada por seu José não é resultado de uma assimilação de um evento experimentado individualmente, mas “o suporte em que se apóia a memória individual encontra-se relacionado às percepções produzidas pela memória coletiva e pela memória histórica.” HALBWACHS (2004).
Apesar de constatar a fragmentação das fontes sobre o Integralismo no Recôncavo Sul baiano, as evidências existentes e ate então apuradas nos permite afirmar não de forma precipitada, mas de forma segura que o movimento do “Sigma” obteve adesão de diversas pessoas de origem social diversa, inclusive intelectuais de Municípios como Cachoeira-BA, Maragogipe-BA e Cruz das Almas-BA.
O periódico “A Faúla” produzido pela impresa integralista de Maragogipe-BA relata os principais acontecimentos naquela cidade envolvendo o movimento do “Sigma”, além de relatar aspectos de outros núcleos como de Cruz das Almas e de outros Municípios.
A trajetória do integralismo no Recôncavo Sul baiano, ao que parece se inicia com a implantação dos primeiros núcleos municipais entre 1934 a 1935. Em Maragogipe-Ba o Núcleo é fundado em 1934 quando o professor e Jornalista Nestor Fernandes Távora toma posse junto com o seu secretariado, chefes de departamentos e Chefes de divisão no dia 31 de outubro de 1934 conforme noticiou o jornal “A Faúla”:
(...) Nestor Fernando Távora, que tomou posse em sessão realizada no dia 31corrente na sede, à rua Geni Morais número 16. No domingo passado teve lugar uma sessão extraordinária onde tomaram posse os secretários nomeados pelo Chefe que são os seguinte; Dr. Marivaldo Cotias – S.M.O.P., Eustorgio C. Junior – S.M.E, Bolívar Pinto – S.C. M., José Pereira Borba – S.M.P., Eduardo Vieira de Melo – S.M.C.A., N.Fernandes Távora – S.M.F.C.F., Otavio Batista Soares – S.M.F. DEPARTAMENTOS: Stela Machado Todt – D.M.I, Manoel Lucas Larangeiras D.N.E.s, André Mato Groso – D.M.C.I Florisberina Andrade – D.M.F. Eurípides Alves Peixoto – D.M.P., Eraldo Lopes Mota – D.M.J., CHEFES DE DIVISÃO; Pedro Baião de Jesus – D.M.G.I.C. Antonio F. Almeida do D.M.P., Meneleu Batista Soares do D. M. E., Hereliano Jorge de Souza da S.M.C. A.:” ( A Faúla,31 /10/1934).

Organizado em secretarias, departamentos e divisões os Núcleos Integralistas do Recôncavo Sul baiano seguia a risca as diretrizes propostas pela organização central do movimento. Com a participação de pessoas importantes de cada Município o movimento Integralista se estruturou no Recôncavo sul baiano com lideranças quase sempre com um bom nível intelectual, uma vez que, os núcleos eram quase sempre compostos por pessoas letradas a exemplo do Núcleo de Maragogipe que fundado em 1934 tinha como chefe o Senhor Nestor Fernandes Távora, sendo este professor, jornalista – sendo diretor do jornal “A Faúla” – e vereador como atesta a matéria publicada no jornal “A Faúla” fazendo menção a entrevista dada pelo mesmo ao Jornal Imparcial da Capital.
O IMPARCIAL este acreditado jornal da capital do Estado, em sua edição de 6 do andante, inseriu em suas colunas o clichê, acompanhado de uma longa entrevista sobre os últimos acontecimentos nesta cidade, do nosso ilustre e Diretor, o distinto e digno professor, jornalista e poliglota Nestor Fernandes Távora, Chefe Municipal do Núcleo Integralista. Nesta entrevista, o nosso Diretor que é também VEREADOR eleito por este Município, tratou da questão política municipal, expondo com máxima serenidade e com o espírito justiceiro que o caracteriza alguns dos episódios das eleições. ( A Faúla, 29 /11/1935).

É evidente que o chefe do núcleo integralista do Município de Maragogipe era um homem culto. Sendo Vereador que fazia oposição a conjuntura dominante Liberal apoiada nas diretrizes Varguistas, fora requisitado pelo jornal Imparcial da capital para tecer sua versão sobre o desenrolar das eleições naquele Município em 1934. É preciso evidenciar que segundo Ferreira (2006, p.58):
Após a chegada à direção de O Imparcial do jornalista Victor Hugo Aranha, a linha editorial muda significativamente, a simpatia inicial cedeu espaço a uma intensa e explícita propaganda pró-integralista entre os anos de 1935-37, quando se estreitam as relações ente o jornal e a AIB da Bahia.

Neste sentido, percebe-se que jornal “O Imparcial” assume uma atitude apologética em relação ao integralismo a partir de 1935, o que nos leva a inferir que tal entrevista cedida pelo chefe do integralismo do Núcleo de Maragogipe se apresentou com o intuito de demonstrar a partir da ótica Integralista uma versão do pleito naquela cidade, além de promover pela propaganda jornalista às doutrinas do movimento e, por conseguinte demonstrar para sociedade que o Integralismo em Maragogipe estava organizado.
È certo que o movimento dos “camisas verdes” em Maragogipe teve uma grande expressividade no Recôncavo Sul da Bahia e o argumento para tal afirmação é o fato do núcleo possuir um jornal organizado que apregoava tanto as doutrinas do movimento do Sigma, quanto os eventos promovidos pelo núcleo da A.I.B do referido Município e também dos municípios circunvizinhos. Para Cavalari (1999, p.79):
O jornal era organizado não apenas com o fim precípuo de doutrinar, mas, mais do que isso, de transmitir a doutrina de modo uniforme. Os jornais do interior, aqueles que chegavam até o militante mais distante, eram organizados de modo a reproduzir os jornais maiores, editados nos grandes centros onde se concentrava a elite dirigente do movimento.

O jornal “A Faúla” do núcleo de Maragogipe-BA parece seguir a risca o que Cavalari postula, não obstante, respostas a ofensas eram publicadas, sobretudo se referindo aos artigos de oposição ao movimento que eram publicados no jornal liberal do município a “Redenção”. Isto demonstra que o jornal era usando como meio de agressão e de defesa verbal durante toda a existência do movimento no Município. Por outro lado, é evidente que todo discurso expresso no jornal de uma maneira explicita ou implícita acabava sempre levando a doutrinação das “mentes desavisadas” dentro do campo ideológico do Integralismo.
Em 1935 o jornal “A Faúla” fez referência ao núcleo de Cruz das almas com a meteria intitulada; “ Histórico do Núcleo Integralista de Cruz das Almas-BA”. A matéria vem assinada pelo chefe Integralista do Núcleo Cruzalmense Fernando Pinheiro;
O Núcleo Integralista deste Município de Cruz das Almas, foi fundado em 1 de abril do corrente ano, sendo nomeado para dirigir os destinos o camisa-verde Fernando Pinheiro pelo chefe Provincial, tendo atualmente como secretários, os seguintes companheiros: Dr.Ramiro Eloy Passos, Laudelino da Mota Leal, Nelson Conrado de Andrade, Renato Passos Pinto, Antonio Miranda e Altamiro Castro Leal.

A informação acima nos leva a supor que o Núcleo Integralista do Município de Cruz das Almas-Ba foi organizado alguns meses após a fundação do núcleo da cidade de Maragogipe-BA, sobretudo quando cruzamos a informação acima com o noticiário do jornal “A Faúla” do dia 23/11/1935 que relata as atividades do aniversário do Núcleo de Maragogipe:
O Núcleo Municipal A.I.B. comemorando o primeiro aniversario da sua fundação, realizado no dia 11 do corrente, porém, sendo transferidos os festejos para o dia 17 deste, por motivos superiores, levou a efeito um programa cheio de entusiasmo e alegria, tudo na mais completa ordem e disciplina, característicos estes de todas as comemorações Integralistas.

A partir do cruzamento das informações podemos afirmar que o Núcleo de Cruz das Almas-BA fora fundado sete meses depois da organização do Núcleo Maragogipense. Essa Informação nos leva a pensar que o Núcleo de Maragogipe-BA obteve uma posição de irradiador das idéias Integralista em algumas cidades do Recôncavo Sul baiano, uma vez que o jornal “A Faúla” noticia eventos Integralistas que tiveram presença maciça de núcleos como o de Outeiro Redondo( hoje distrito de São Felix), São Felix-BA, Cachoeira-BA, Muritiba-BA, Cabeças (hoje Governador Mangabeira-BA) e Cruz das Almas-BA e Núcleos da Capital Salvador em eventos realizados em Maragogipe-BA.
Segundo Sr. José Souza o núcleo em Cruz das Almas estava organizado e crescia vertiginosamente. Ele afirma que o movimento estava bastante organizado e sob o comando de Fernando Pinheiro, que para ele era um homem muito inteligente capaz de conduzir os militantes de forma ordeira e simpática. O Sr. José Souza Afirma que:
O Movimento Crescia! Crescia!, nós aqui no interior, como aqui em Cruz das almas, nós tínhamos já um movimento bem avançado e tinha Fernando Pinheiro que era o chefe, era um cara que tinha uma cabeça boa né? Muito inteligente e sabia conduzir os seus camaradas de uma maneira simpática

A matéria referente ao Município de Cruz das Almas-Ba publicada no jornal “A Faúla” ainda registra de forma minuciosa a estrutura do Núcleo:
ESCOLA PRIMARIA: Possui este Núcleo uma escola primaria para ambos os sexos, a qual foi instalada em junho deste ano, já contando com o numero de 30 alunos matriculados.funciona 3 dias por semana com uma freqüência de 20 alunos. MOVIMENTO DA SEDE: Atualmente o Núcleo conta com o número de 104 integralistas fichados, do seguinte modo; Milicianos 70, juventude 30 e Departamento feminino 4. As sessões doutrinarias são às terças feiras onde comparecem geralmente diversos simpatizantes e um numero elevado de companheiro que varia de 30 a70, para ouvirem a palavra de fé dos oradores designados sobre o ideal do “Sigma” que empolga o Brasil.DISCIPLINA; A disciplina dos integralistas deste Núcleo é irreparável, são geralmente rapazes obedientes e fervorosos defensores do nosso ideal. EXERCÍCIO; adotamos os exercícios físicos como determinantes e regularmente e agora estamos organizando a nossa biblioteca. Tudo isto fazemos com extraordinário sacrifício, tendo os olhos fitos num futuro grandioso para nossa Pátria afim de que muito breve possamos realizar a obra monumental traçada pelo chefe Nacional que consiste na integralização de um Brasil altaneiro e respeitado por nações pela sua grandeza econômica, moral e patriótica, assentado sobre as bases espirituais que enobrecem um povo tendo por lema; Deus, Pátria e família. Fernando (Pinheiro C.M de Cruz das Almas-BA)

Como pode-se notar o núcleo Integralista do município de Cruz das Almas se encontrava em 1935 seguindo a risca os parâmetros de organização determinados pela liderança central da A.I.B. Com 104 pessoas registrados no movimento fica evidente que a proporção de simpatizantes também era bastante significativa. Este Núcleo, como se pode constatar, possuía uma escola primaria, assim como o Núcleo de Maragogipe, o que acabava levando diversas família integralistas ou simpatizantes a matricularem seus filhos, segundo o Sr. José Souza; “O povo gostava bastante, bastante mesmo!”.
A narrativa do Sr. José pode externar um sentimento coletivo de uma parcela do “todo social” que vivenciou o movimento Integralista em Cruz das Almas-BA. Mesmo sendo uma memória de um tempo em que o mesmo experimentou o engajamento político–ideológico na militância da A.I.B., as suas lembranças de modo algum podem ser compreendidas como uma construção individual, mas se encontra entrecruzada de perspectivas de vidas no todo social, tanto no passado como no presente em que ele externa a sua narrativa. As memórias de Sr. José se apresentam no presente como lembranças compostas sob os alicerces de uma diversidade de sentimentos “individuais” que acabam sendo externadas como uma expressão legítima de um contexto coletivo.


1.3 Considerações Finais

O integralismo de modo nenhum pode ser esquecido pela academia. Movimentos neo-nazistas no mundo contemporâneo se organizam e militam cotidianamente, sobretudo nas grandes cidades do planeta.
O próprio movimento Integralista esta se organizando novamente no Brasil isso se constitui como prova contundente da importância da academia e, sobretudo dos historiadores de discutirem um assunto de tamanha relevância para a sociedade.
O sistema ideológico criado por Plínio Salgado, Gustavo Barroso, Miguel Reale “viaja” no tempo espaço, e na contemporaneidade, não se limita ao campo das idéias, mas se torna vivo na prática de jovens integralistas que começam se organizar no Rio de janeiro.
A Bahia foi um dos estados que abraçou essa doutrina com afinco, cidades como Maragogipe, Cruz das Almas, Cachoeira, Castro Alves, Muritiba, foram palco para os desfiles das hostes Integralistas nos anos de 1934 a 1937. Muitas vidas experimentaram a militância no movimento e depositaram seus sonhos e desejos na construção de um novo país dentro do arcabouço das idéias Plinianas.
Frustadas ou não, as narrativas dos ex-militantes da A.I.B. analisadas a partir de um cruzamento com o discurso produzido pelos jornais oficiais dos “Camisas Verdes” em conjunto com os periódicos que se posicionavam contra o movimento do “Sigma” revelam um tempo de tensão, de “sussurros políticos” que projetavam a tentativa de colocar em prática um ideal político, um “projeto de nação”.
A presente pesquisa, apesar de está se iniciando tem desnudado aspectos importantes da estrutura política e organizacional do movimento Integralista no Recôncavo Sul Baiano nos primeiros anos de 1930. Neste sentido, pode-se dizer que, se entender o movimento do Sigma já é bastante relevante, devido a sua abrangência em todo país e pela sua construção ideológica, que dirais perceber que sujeitos socais distantes do grandes centros do país se posicionaram e militaram ardilmente defendendo uma posição política em seu cotidiano não apenas em momentos de eleição.
Por fim, a A.I.B. no Recôncavo Sul baiano não foi um movimento político que isolava o individuo em partes estaques da vida social, mas toda multiplicidade do viver cotidiano em suas diversas temporalidades e espaços, - o viver na Igreja, na família, na escola – esteve permeada pela militância diária estando bem próxima do que afirma Sr. Jose Souza; “ Era uma militância ferenha!”
2-Fontes Históricas:
Jornal “A Faúla” Diretor .Fernandes Távora, Redator Chefe Eustorgio C.Junior – 25 exemplares depositados na casa Osvaldo de Sá em Mragogipe-BA e um exemplar no Centro Cultural de Maragogipe-BA

2.1Fonte Oral:
Sr. José Souza Pereira ( 94 anos), conhecido como “Zeca da Breda”, residente em Cruz das Almas Bahia na rua Crisogno Fernandes S/N, participou ativamente do Núcleo Integralista de Cruz das Almas-BA – OBS: Encontra–se lúcido sendo um exímio jogador de xadrez, vive com a família, a esposa e filhos e Netos.


3-Referências

BARBOSA, Jerffeson Rodrigues. A ascensão da ação integralista brasileira (1932-1937), In: Revista Brasileira de Iniciação Científica da FFC. V.6, Nº. 1, 2, 3, Ano: 2006.

CALIL, Gilberto Grassi. O integralismo no pós-guerra: a formação do PRP (1945-1950). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.

CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro. Integralismo: ideologia e organização de um partido de massa no Brasil (1932-1937). Bauru: EDUSC, 1999.

FERREIRA, Laís Mônica Reis. O integralismo da Bahia: O caso de o Imparcial, In: Revista de História regional, Vol.11, Nº1 Ano: 2006.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2004.

MERG, Camila Ventura. O Despertar da Nação: Nacionalismo e espiritualismo na doutrina Integralista. In: Cadernos de História, Ano I, Nº. 2, Setembro de 2006.

TRINDADE, Hélio. Integralismo: O fascismo brasileiro na década de 30. Porto Alegre: Difel, 1974.

[1] Sr. José Souza Pereira ( 94 anos), conhecido como Zeca da Breda, residente em Cruz das Almas Bahia, participou ativamente do Núcleo Integralista de Cruz das Almas-BA.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

13 DE MAIO DE 1888: E O SONHO DA LIBERDADE QUE NÃO ACABOU.

Por: Prof. Alex de J. Oliveira/ Historiador

Ainda tem gente que acredita que a libertação dos escravos foi um bom negocio para os afro-descendentes. Ora, em 13 de maio de 1888 quando a lei áurea foi assinada pela princesa Isabel estava na verdade se iniciando um novo processo de exploração da força de trabalho daqueles que foram e ainda são a grande mão-de-obra do Brasil.
São os negros que constroem as pontes, os edifícios, as estradas, que limpam as ruas, que são as empregadas domesticas dos que se dizem ser genuinamente brancos, são eles que fazem os serviços gerais da sociedade, mas, são considerados por muitos, “como uma escória social”.
O negro quando foi liberto e a ele foi negado tudo, a principio foi dito que o mesmo não era qualificado para exercer funções de trabalho quando no Brasil surgia as primeiras indústrias ( Séc.XIX), desta forma, foi desenvolvido no país uma política de emigração na qual os Italianos, Portugueses e Espanhóis foram, no primeiro momento, beneficiados com terras e empregos nas nascentes fabricas.
O governo afirmava que era preciso “limpar o Brasil” da raça negra. Não obstante, muitos afro-descendentes foram deportados para África, muitos nem se quer se identificavam mais com a terra de onde vieram, pois, já haviam passados 300 anos longe de casa, e o Brasil tinha se tornado sua terra natal.
Para os Afro-descendentes o governo destinou as ruas, os cortiços, e, sobretudo, as favelas. Em meio a tamanha irrelevância por parte do Estado, o negro foi sendo marginalizado na sociedade brasileira, e sua imagem passou a ser confundida com tudo que “temos de pior”, “ser negro é ser ladrão”, “é ser malandro’’, “é ser traficante de drogas”, “ser negro é ser feiticeiro” esses são os estereótipos que o individuo negro passou a ter para a “elite” brasileira.
Com a passagem dos séculos já não se pode negar a presença marcante do negro afro-descendente na sociedade brasileira, o qual, resistiu a todas humilhações e permanece resistindo. O governo começa tentar criar políticas de ações reparativas para os afro- descendentes, projeto este com muitas contradições, e não poderia ser diferente, pois a “elite” econômica justifica a sua posição social, seu status quo, levando em consideração, sobretudo, a questão da cor da pele, mesmo que de forma camuflada.
Sabe-se que a situação do negro no Brasil é legitimada pelo discurso de que o Afro-descendente “vive mal por que é “burro” e precisa estudar para ganhar mais dinheiro e saber gastar”. Assim, cria-se as cotas, para que em um futuro bem próximo se possa afirmar que o negro só chegou a faculdade porque se criou uma possibilidade para o mesmo, uma vez que sem esse sistema o Negro nunca faria um curso superior. Discurso falacioso, pois a historia mostra que o maior escritor brasileiro é um Negro, Machado de Assim.
O que o negro, o homem e mulher pobre precisam no Brasil são de uma Escola menos burocrática e mais atuante, compromissada com a formação dos pobres brasileiros. O Brasil precisa de Escolas de qualidades, escolas prontas para transformar e construir homens e mulheres pensantes, pessoas autônomas e não marionetes, e alienados, coadjuvantes de uma História escrita em bastidores de gabinete por uma “elite” decadente e doente que soluça com seu câncer sem poder sair de casa.
As pessoas são inteligentes e de uma maneira ou de outra resistem e encontram formas de construir para se poderes para alijar o sistema legal constituído e criar para se formas de sobrevivências muitas vezes contraditórias com o que se espera de uma conduta moral digna de "honrarias pela sociedade".
Por conseguinte, temos a certeza que a discriminação em relação às pessoas negras continuará existindo, na medida em que, o preconceito que existe no Brasil foi construído a mais de 500 anos, e não se acabará de uma hora para outra como muitos pensam.
Entretanto, o que se pode ainda dizer sobre o 13 de maio é que os afro-descendentes não devem comemorar nada nesta data, uma vez que, ser livre e viver excluído dos privilégios da sociedade não tendo educação de qualidade, alimentação, vestuário, moradia, saúde, lazer e emprego com um salário digno faz a idéia de liberdade se esvaziar quando se questiona; que liberdade foi dada aos escravos? Como o Brasil contemporâneo procura melhorar efetivamente a vida dos Afro-descendentes? Essas e outras questões incomodam, mas, parece que não houve uma verdadeira liberdade na prática, no sentido das pessoas terem condições materiais para gestarem suas vidas na busca da utopia da felicidade terrena.
Não obstante, juridicamente houve sim a liberdade, mas, o que os afro-descendentes ex-escravos iriam fazer com a sua liberdade? pois, a lei existe, contudo, o que se pode ver é a colocação em prática de um novo modelo de se explorar os afro-descendentes, de modo que, se o mesmo não trabalhar por um salário de miséria – isso quando acha trabalho, normalmente a cadeia( penitenciaria) esta sendo o seu destino. Olhe para os presídios brasileiros quem é a grande maioria dos presos hoje?
Este é o resultado da formação da sociedade brasileira, na qual, os brancos foram e são os dominadores e grande parte dos mestiços e afro-descendentes são os dominados e explorados, mas, o fato de mais da metade da população de afro-descendentes e mestiços viverem na miséria e muitos bem perto dela é apenas o resultado da busca da “elite “ caduca brasileira que busca a todo custo manter o status quo, mesmo vivendo presas em carros blindados e mansões extremamente protegidas.
Não vamos esquecer o 13 de maio, pois, ele representa um novo momento na história da exploração dos africanos que trazidos para o Brasil foram cativos de tamanhas agruras. É preciso dizer que ainda não quebramos totalmente os grilhões, não queremos uma liberdade pela metade, na qual, a infelicidade transparece na maioria dos olhos dos afro-descendentes. Queremos um Brasil verdadeiramente de todos, no qual, a nossa liberdade possa valer a pena.

O Forró na modernidade: embates da tradição com a contemporaneidade.

Por: Alex de J. Oliveira

O Forró ritmo tradicional brasileiro executado pelas bandas de músicas populares na época dos festejos juninos vem sofrendo mudanças significativas na modernidade. Neste sentido, muitas Prefeituras vem afirmando que não irão contratar mais as bandas que tocam o famoso “Forró de Plástico” ou “Forró Eletrônico” alegando que esse estilo musical não é Forró.
Por conseguinte, acreditamos que devemos fazer uma analise do que era o Forró e do que é o mesmo na contemporaneidade para que se possa, assim, melhor dimensionar os fatores que levaram o forró à se desenvolver, de modo que, a partir do entendimento do que foi e é o Forró hoje, possamos refutar justificativas vazias que se fundamentam na negação incoerente das tendências da modernidade .
A origem mais remota do “Forró” pode ser encontrada nas músicas alegres que eram executadas com Acordeom por pedintes nas Feiras que aconteciam na Europa no fim da Idade Media (Flandres, Champangne). Com o passar dos séculos muita coisa mudou, o acordeom foi aperfeiçoado e com o advento dos “Descobrimentos” estes instrumentos chegaram ao Brasil. Assim como o Violão o Acordeom é um dos instrumentos de Harmonia mais antigo, só não é mais velho que o tambor e os instrumentos de Sopro.
Durante o Brasil colônia as Musicas “Populares” eram tocadas com Acordeom, mas, ainda não existia a batida composta do Baião inventada no século XX por Luís Gonzaga, sofoneiro alto Didáta que possuía uma aplicação técnica e um domínio anormal do Acordeom. Antecessor do Baião, nós tivemos o Maxixe inventado pela grande pianista brasileira do séc. XIX Chiquinha Gonzaga.
Assim, podemos afirmar, que a música brasileira foi seguindo sua história recebendo influências de muitos povos, como os imigrantes Italianos, Alemães e Espanhóis cada um com uma forma típica de tocar o Acordeom. O Forró baião enquanto ritmo alegre recebeu influência da cultura Africana, principalmente no que diz respeito à dança, com sua sensualidade que proporciona um frenesi para quem toca, para quem ouve e, sobretudo, para quem está se remexendo no salão.
Na gênese do Forró, quando não havia Guitarra elétrica, Teclados que sintetizam milhares de sons, Contrabaixos elétricos, Baterias eletrônicas e/ou que pudessem ser totalmente mecanizadas, o Forro só poderia surgir da “mistura” de um tambor grande (Zabumba), um ferro retorcido em forma de triangulo que pudesse dá um som Agudo e um instrumento de solo e harmonia com grande acústica, o Acordeom. Na sua rusticidade o Forró é fruto de uma época em que havia poucas tecnologias na área da música, mas, mesmo assim, o Forró fazia - e ainda faz - a alegria da Vovó e do Vovô, assim como da Juventude.
A magia da mistura de um Triangulo, com uma Zabumba e um Acordeom - com bons músicos, Claro!- e um bom cantador, fez e faz do Forró um Ritmo genuíno do Nordeste brasileiro que expressa a alegria de um povo forte que mesmo sofrendo com seus problemas sociais ainda é capaz de cantar e sorrir.
Não obstante, na vida nada é estático, e isto é a maravilha da vida, tudo muda, e o Forró como uma manifestação cultural humana também mudou. É claro que não foi de uma hora para outra, isto se deu com o aparecimento das Torres de som, retorno de som, mesas de som, e novos instrumentos, foi assim que o Forró começou a se transformar, sobretudo, em meados da década de 80, recebendo influência do Regge, com uma batida seca binária na Bateria que fazia e faz o dançarino arrastar a donzela no salão. (Xote Regueado)
Nesta época as letras eram de duplo sentido, quem não se lembra de “ Aonde é o buraquinho Salete que eu não acho?” ou do baião “zangado” de Geníval Lacerda “ Mata o veio, Mata o veio...” ou “ Tomei caldo de mocotó ai ó fiquei forte”, e para fechar o show “ Julieta ta, ta, tá me chamando”. Hoje muitos “intelectuais” criticam essas músicas afirmando que são a escoria do Forró, o lixo, mas, esquecem que elas deram a sua contribuição para que o Forró chegasse no estágio musical em que se encontra, ou feio, ou bonito o Acordeom, a zabumba e o triangulo estavam lá e todo mundo dançava e ficava feliz.
O tempo passou, o Forró ficou um pouco de lado, sobretudo, pelo fato da ascensão da musica baiana, o AXÉ, mas, em meados da década de 90 as prefeituras do nordeste voltaram a fazer os arraias com diversas atrações, desta forma, o Forró renasce, com uma batida forte do baião inventado por Gonzaga, porém, ele não é mais o mesmo, ele recebeu a influência da modernidade, das novas tecnologias na área da musica, ele tornou-se “adulto”, ganhou “corpo”, Guitarra, Baixo, Bateria, e buscou influência de ritmos Caribenhos como a Lambada e a Salsa, os quais, foram fundidos com o Baião originando o que Chamam de “Forró Eletrônico”, eu prefiro chamá-lo de Forró Moderno.
Com muitos Cantores nas bandas, o Forró mudou a temática, tornou-se romântico, e o seu grande prepussor da nova era foi à banda Mastruz com Leite. Anos mais tarde, surgiria a banda Calcinha Preta, Com uma Guitarra de Rock Roll, e em seguida ganharia o sucesso a banda Limão com Mel, com seu baterista com digitações de Pedal Duplo e com suas canções extremamente românticas enlouquecendo a molecada.
Apesar das transformações, muitos forrozeiros defendem o “Forró tradicional”, como Adelmário Coelho, Flavio José, Alcimar Monteiro, esses músicos cantam o amor e algumas poucas tradições do nordeste, mas, nem um deles faz o autêntico Forró, pois, apesar de não se deixarem influenciar pelos ritmos caribenhos, eles tocam com todos os instrumentos e tecnologias que a modernidade pode lhes oferecer. Não obstante, é sabido que tais forrozeiros buscam se aproximar do Forró criado por Gonzaga, eles se apegam a tradição e criticam o Forró contemporâneo.
É preciso deixar claro que o Forró moderno e o Tradicional se completam, são eles que fazem a alegria do povo, os jovens amam Adelmário, Flavio, Alcimar, Domiguinhos assim como amam Calcinha Preta, Limão com Mel, Mastruz Com Leite. Cada um tem um estilo diferente. O primeiro busca se aproximar mais da modernidade, e nós precisamos do moderno, precisamos vê e ouvir as coisas modernas, bem como senti-las, é a nossa cultura florescendo, se tornando mais complexa. Não obstante, é nossa obrigação preservar aquilo que é bom, e o Forró tradicional é maravilhoso, é uma das nossas raízes musicais mais genuínas, por isso, devemos cultiva-lo para que possamos no futuro saber de onde veio este ritmo gostoso de se dançar, tocar e ouvir.
Em meio a esses embates entre o tradicional e o contemporâneo, as discussões são necessárias, apenas não se deve depreciar nem uma das duas vertentes para fazer sobressair um determinado estilo. Por conseguinte, não se deve tomar decisões arbitrarias de podar quem gosta de vê o Forró Moderno em detrimento de quem gosta de vê o Forró tradicional. Prefeitos Nordestinos, vamos buscar o bom senso, as Festas Juninas devem ter o Forró Tradicional e o Forró Moderno, mas, não vamos confundir Forró Moderno com o Arrocha, com o Estilo Calypso, ou com a música Sertaneja, ai é outra História, e uma história bastante complexa!